Sasuke Jinraiden: O dia do choro do lobo - 0. Prólogo
Sem luz refletida nos olhos, sem voz que ressoe no coração, sem caminho para o futuro. Enlouquecer-se no mundo dos homens com nada além da dor de um lobo solitário.
Prólogo – O fim da vingança
As gotas caíram no meu rosto. Estava chovendo, mas eu não conseguia me lembrar quando começara.
A floresta fora possuída por chamas negras: o Amaterasu tingia as árvores da cor do piche, queimando os pássaros, queimando as cobras.
Por que tal espetáculo se desenrolava diante dos meus olhos?
E então lá estava ele, deitado no chão. Por que Itachi estava lá?
Dúvidas surgiram em minha mente.
Por que meus olhos não foram roubados e por que eu era o único que restara?
Eu não conseguia entender.
A névoa produzida pela água envolveu as chamas negras.
Ah, certo. Fui eu quem convocara a chuva usando minha técnica do Dragão de Fogo no céu para invocar as nuvens de tempestade.”O trovão significará sua morte”, eu dissera a Itachi, pensando que seriam minhas últimas palavras para ele.
Achei que com aquele golpe, no qual concentrei todo o meu chakra restante, poderia vingar o clã Uchiha, me libertando assim do desejo de vingança. No entanto, Itachi conseguiu evitar o Kirin que eu joguei nele com todas as minhas forças.
“Você realmente ficou forte, Sasuke”, respirando pesadamente, com sangue escorrendo de sua boca, ele falou comigo.
O que aconteceu depois?
Ah, certo, Itachi invocou uma criatura enorme, o Susanoo.
Não havia nada que eu pudesse fazer, pois meu chakra estava quase esgotado.
Naquele momento ouvi a voz de Orochimaru.
Vou lhe emprestar minha força. Eu sei que você precisa de mim, Sasuke-kun. Você não tinha que se vingar de Itachi? Então libere meus poderes. Só então você será capaz de realizar seu desejo.
Eu me entreguei àquela voz. Orochimaru estava dentro de mim e estava tentando sair com força.
Não me lembro do que aconteceu a seguir.
Quando recuperei a consciência, Itachi estava parado na minha frente, coberto de feridas.
“Agora seus olhos são meus. Quero aproveitar esse momento ao máximo”, ele havia me dito.
Estava chovendo e o Amaterasu estava queimando a floresta.Olhei para ele, agora deitado no chão. Eu ainda podia sentir o toque de seus dedos em minha testa.
Por quê?
O que tinha acontecido?
Itachi vomitara sangue.
O que aconteceu depois?Mesmo que meus golpes tenham sido completamente repelidos pelo Susanoo, eu ainda tinha meus olhos e estava de pé.
A mão ensanguentada de Itachi se estendera para mim enquanto seus joelhos tremiam violentamente.
Ele havia murmurado alguma coisa e com seu jeito meigo e terrivelmente nostálgico conseguira tocar minha testa.
No momento seguinte, ele caira no chão, enquanto eu permanecia de pé.
As nuvens negras descarregavam eletricidade.
A chuva lavou a mão ensanguentada de Itachi.
Acabou.
A força deixou meu corpo.
Foi o fim de tudo.
Com esse único pensamento em meu coração, desabei ao lado dele.A chuva não parecia querer parar.
Continuava caindo, cada vez mais forte, lavando tudo. Isso fez o ressentimento desaparecer. Isso fez o ódio ir embora. Fez tudo desaparecer.
Na minha mente, cada vez menos lúcida, as últimas palavras de Itachi ficariam gravadas para a eternidade.