Sasuke Retsuden: Os Descendentes Uchiha e a Poeira Estelar - Capítulo 2
No dia seguinte, a patrulha deu a Sasuke sua primeira punição em seu tempo na prisão. A única razão dada foi que, durante a chamada, ele havia desviado os olhos, irritando os guardas. Os patrulheiros levantaram barras de ferro acima de suas cabeças e, quase que felizes, chocaram-nas nos ombros de Sasuke, esmagando seus ossos, se revezando na tortura. É claro que, normalmente, não haveria a possibilidade de não-shinobi espancarem Sasuke tão gravemente como fizeram. Sasuke deu o seu melhor para somente aceitar a punição, mas ainda assim era doloroso e difícil não ficar furioso. Mas então, seu silêncio foi considerado um ato de insubordinação e desafio, e o ressentimento continuou o consumindo.
Ninguém associado à Sasuke estava a salvo do abuso dos guardas. Gigi, sem aviso e em meio ao seu trabalho, também havia levado algumas surras de barras de ferro direto no estômago. Além de disso, Sasuke foi espancado por mais três vezes naquele dia, pelas razões mais incompreensíveis, como quando por que ele havia sussurrado algo para Gigi. O diretor deixou instruções claras aos guardas: focar em Sasuke. Como ele nunca foi, tecnicamente, detido ou jogado em uma cela de uma prisão de segurança máxima, não havia como alguém de Konoha estragar o seu disfarce se ele fosse machucado, muito menos tentar intervir. Atualmente, Sasuke preferia se misturar com os outros prisioneiros para trabalhar, solitário não chegaria nem perto de ser produtivo.
Alguns dos prisioneiros estavam inconscientemente sendo enganados por outros pelo o que estes diziam saber sobre o que aconteceu na outra noite com Menou, então Sasuke tentava não deixar que pequenos erros em algo tão importante como sua luta com a besta o incomodassem. Enquanto ele fosse tratado assim, não mostraria nenhum sinal de dor ou remorso em seus olhos. A impressão do diretor sobre Sasuke deveria ser, no mínimo, a de que não era um homem fraco.
Ao final daquele dia, Sasuke foi maltratado, e havia levado várias surras por oito guardas diferentes, retardando o progresso em seu trabalho. Mesmo se alguém o chamasse, ele não responderia – seus olhos não eram nada além de desafiadores e hostis. Por todos os motivos que lhe deram, não importava quantas vezes o bateriam: ele não demonstraria qualquer tipo de aflição, o que deixava os guardas ainda mais furiosos.
À noite, os guardas que checavam suas celas antes de dormir o repreenderam como se ele fosse um estudante que tivesse violado as regras da escola. Dessa vez, o batendo e o caçoando por ‘seu cabelo ser muito comprido’. Se tudo isso não fosse por Naruto, ele já teria quebrado um ou dois ossos de um desses guardas.
“Sasuke, hoje foi um desastre! Por que começaram a te perseguir?”
Penjira e Ganno perguntaram, ambos sentiam uma pena imensa de Sasuke.
Sempre foi comum que os guardas espancassem os prisioneiros por razões totalmente bobas. No entanto, eram sempre os tímidos que tremiam de medo e os que vinham para a prisão cheios de si e tentavam agir rebeldemente. Sasuke não se encaixava em nenhum destes.
“Isto não tem nada a ver com vocês”.
Embora não gostassem quando Sasuke dizia coisas desse tipo, eles puderam sentir o tom claramente frustrado em sua voz. Gigi começou a se intrometer, indiferentemente.
“Ouvi dizer que o diretor, Zansuru, teve algo a ver com tudo isso. Você não se importa?… Não gostar do cara cujo rosto parece melhor que o seu… Vê? Ele é muito orgulhoso”.
As luzes se apagaram repentinamente assim que o ambiente tornou-se barulhento. Era hora de dormir. Quando chegava a hora, as luzes se apagavam sem qualquer tipo de aviso, e não importava o que acontecesse, nem a situação, elas não acenderiam até o amanhecer. Mesmo quando o rapaz três celas abaixo morreu de ataque cardíaco, as luzes não retornaram uma única vez. Gigi e os outros procuraram pelas suas roupas de dormir e se trocaram.
Àquela hora, pontualmente já não se ouvia mais nada além dos roncos de todos dormindo. Embora o trabalho diurno fosse exaustivo por si só, o corpo de Sasuke estava se tornando acostumado ao horário de trabalho intensivo. Quando ele teve a certeza de que todos estavam dormindo, ele contorceu as barras de ferro e deixou a cela.
Em seu pulso, uma fita de tecido vermelho estava enrolada. Ali, isso era a prova de que você tinha permissão para sair de sua cela devido a algum tipo de hora extra ou se você estivesse se dirigindo a enfermaria. Enquanto a usasse, Menou não te atacaria, ainda que você estivesse claramente violando as regras. Havia uma grande chance dele se deparar com o tal perambulando pelos arredores.
Enquanto caminhava pelos intermináveis corredores frios, pôde ouvir um soluço fraco. Conforme caminhava em direção à origem deste, se certificava de que o tecido vermelho pudesse ser visto ao redor de seu pulso.
Localizado no canto da parede, havia um pequeno armário de aço, destinado a guardar produtos de limpeza. Era previsível o que estava acontecendo lá dentro, mas ele não conseguia permitir-se relevar. Quando abriu a porta, se revelou um homem magro com os cabelos frisados e as mãos e os pés amarrados com uma corda velha.
*som de alguém fungando*
Assim que viu Sasuke, seu corpo ficou rígido. Os pulsos amarrados na frente de seu peito estavam molhados de saliva, e havia marcas de dentes profundas na corda onde ele claramente tentou desfazê-la com sua boca. Sasuke torceu para que ele não fizesse nenhum barulho alto. Com Menou andando por ali, o armário se tornaria o seu caixão.
“O que você está fazendo aqui dentro?”
“Huh… Eu-eu… eu estava voltando do banheiro e este velhote… Ele me prendeu aqui dentro”. Provavelmente, hostilização.
Sasuke rasgou a corda que amarrava as mãos e os pés do homem.
Quando se mantém pessoas tão violentas em um ambiente como o tal por muito tempo, elas simplesmente procurarão por qualquer forma de aliviar o estresse. Geralmente visam o fraco, o fraco sem amigos, ou mesmo o fisicamente fraco que provavelmente está perto da morte.
“Foi por causa de um passe vermelho?”
“Ele o pegou”.
Sasuke retirou seu passe vermelho e o empurrou contra o homem, dando-lhe. Se ele ficasse no corredor sem nenhum passe, seria garantido que Menou o encontraria e o mataria. Ele não sentiu nada além de simpatia pelo rapaz enquanto olhava suas costas desaparecendo conforme este corria cada vez mais afrente pelo corredor. Para Sasuke, esta era uma missão, nada mais que uma infiltração temporária. Para o tal homem, porém, era onde ele morreria, um cemitério. Pelo atual ritmo do progresso deles, não se sabe quando o telescópio do Instituto estaria completo. A probabilidade dele morrer ali antes que este fosse terminado era provavelmente próxima dos cem por cento.
Não sou bom em lidar com pessoas fracas. Nunca sei o que fazer.
*som de passos*
Atrás dele, som de garras duras, conforme estas batiam no chão, e uma rajada de vento tocando-lhe a nuca.
Aproximando-se cada vez mais, visando as costas de Sasuke, uma mão com garras afiadas partiu em ataque ao shinobi. Mas Menou, aparentemente, errou seu alvo. Rugindo e rosnando, ele ergueu a cabeça para ver Sasuke de pé sobre o teto. Menou levantou sua cauda monstruosa em retaliação. Um estrondo ensurdecedor – a ponta da sua cauda destruiu o teto.
Quando a madeira se estilhaça e cai no chão, Sasuke desce novamente, usando os escombros de cobertura. Ele podia observar bem a barriga da besta. Sem marcas de arranhões, sendo que eu cortei o centro do seu abdome muito profundamente ainda ontem à noite…
“Isso é muita resistência ou você foi somente substituído por outro lagarto?”
Sem expressão, Menou avança em sua direção. As garras, cintilando, rasgaram o ar. Sasuke já havia corrido para debaixo do corpo da besta quando esta avançou em seu ataque. Ele se impulsionou até o queixo de Menou coberto com suas escamas duras, e então continuou a atacar em qualquer lugar que pudesse de seu corpo.
Antes de deferir um terceiro golpe, a cauda longa avançou até ele pela lateral. Sasuke, com sua grande velocidade, pegou, no ar, a cauda com sua mão direita, puxando-a e fazendo com que Menou perdesse seu equilíbrio, caindo de costas.
Os olhos de Sasuke tingiram-se de vermelho vivo para tentar seu poder visual mais uma vez, inclusive o seu Rinnegan, mas não obteve êxito. Realmente genjutsu não surte efeito algum sobre ele? Sasuke ainda não conseguia se convencer disso.
Menou começa a se agitar sob os seus pés, abrindo suas mandíbulas na tentativa de morder a cabeça de Sasuke, em fúria. Com as mandíbulas em direção a ele, ele chuta o pescoço de Menou para desviar do conjunto de presas que advinham. Na confusão dos ataques, a garra direita de Menou consegue raspar na bochecha de Sasuke enquanto este salta para longe. A pele de sua bochecha fica totalmente arranhada, mas muito pouco sangue escoa para fora.
Sasuke alcançou a bainha de sua espada, que permanecia escondida com ele, enquanto Menou se preparava para atacar mais uma vez. Menou recuou, fugindo dele em uma distância crescente.
O que você está planejando?
Ao momento em que ele se preparou para um possível ataque à distância, tudo ficou confuso e mais confuso. Seu corpo balançava enquanto sua consciência ia e vinha, e ele não conseguia evitar pressentir que Menou havia feito isso com ele.
Menou voltou a atacar.
Ao estar perto o suficiente para, percebeu que Menou tinha presas em suas garras, ganchos afiados que se projetavam de suas garras já perfurantes.
As quatro garras que ele deixara em sua mão de cinco dedos conseguiram roçar nas pontas de seu cabelo. Apesar de seu crescente estado de vertigem, Sasuke conseguira desviar-se ligeiramente para a esquerda para evitar o ataque. Ele tentava desesperadamente concentrar-se no que estava à sua frente, enquanto sua visão continuava a se distorcer.
Menou golpeou sua mão sobre ele, fazendo Sasuke voar contra a parede.
*crash!*
Ele podia sentir seu coração batendo por todo o corpo, e seus joelhos estavam quase se dobrando sob ele.
“…ahh, ah-ha, ahh, haa”, sua respiração, ora ofegante, estava enfraquecendo.
Todo o seu peito sentia calor devido à fadiga. Através do seu campo de visão agora branco e enevoado, as garras afiadas de Menou crescem.
Com um movimento, Sasuke puxa sua espada para cima e depois de volta para baixo, cortando em uma direção transversal. As tábuas do piso abaixo deles cedem pelo dano, fazendo com que ele e pedaços de madeira caiam no andar abaixo.
Menou salta pelo buraco no chão para encontrar seu alvo. A besta procura-o ao redor assim que aterrissa. No entanto, a figura de Sasuke e qualquer traço do cheiro que Menou tinha dele haviam desaparecido.
“aahhhh… ah-ha… ahh… haa”. A respiração ofegante de Sasuke estava ficando pesada à medida que ele corria pelos corredores escuros.
Ele conseguiu despistar Menou, mas seu entorpecimento crescente tornou-se mais forte. Ele se lembrou de quando Menou arranhou a sua bochecha.
Nunca ouvi falar de lagartos com garras venenosas, mas tenho certeza de que o que estou sentindo são efeitos de um veneno.
“aaaah-ah… uh… hm”. Seu corpo começa a convulsionar mais e mais. Um tremendo arrepio o percorre com tudo. O interior de seu corpo estava tão quente que parecia queimar, enquanto o exterior, sua pele, estava tão fria que parecia congelar.
Em uma tentativa de beber algo, ele moldou algum chakra na palma da sua mão para criar água. Suas mãos mexiam e tremiam ao ponto de se tornar impossível levá-las com água ao rosto para bebê-la, muito menos de continuar moldando chakra para criar mais do líquido. Tudo o que ele criava acabava por se derramar em sua clavícula e descer por sua camisa.
“aahhh… ahh… hmm…” Seu campo de visão chacoalhava impiedosamente. Era como se alguém tivesse estourado fogos de artifício dentro de sua cabeça. Ele não conseguia parar o zumbido em seus ouvidos conforme estes ficavam gradualmente surdos.
Isto era ruim.
Quando se tratava de veneno comum, sua tolerância era incrível. Suportava alguns em várias vezes a sua dose letal. Este era extremamente poderoso, talvez até mesmo alguma substância desconhecida, só encontrada em Redaku.
“… ahh… ahhh… hmm…”. Sua respiração tornava-se cada vez mais superficial à medida que sua garganta se fechava. Ele arrastou seu corpo inerte em direção à parede e começou a cair contra ela, com a respiração fatigada.
Seu coração fazia um barulho terrível, parecia que estava interferindo em sua capacidade de respirar. O que se seguiu pareceu um ataque cardíaco, e, ao mesmo tempo, de hiperventilação.
Quaisquer gotículas de água restantes nas palmas de suas mãos voltaram a ser chakra.
Caído contra a parede, ele esperava os sintomas atenuarem-se. Os segundos que passavam pareciam anos.
*clack, clack*
Sasuke ficou completamente congelado ao ouvir som de passos distantes, estalando no chão. Droga… tem alguém vindo.
Em seu estado, com um inimigo tão hostil… Ele era um homem morto.
As pegadas se aproximavam.
Os olhos de Sasuke percorriam as órbitas tentando se concentrar em qualquer coisa da vista embaçada. Seu corpo se recusava a continuar se movendo, não importando mais quem estava vindo em sua direção.
Ele prendeu a respiração e esperou pelos passos que se aproximavam.
*clack, clack, clack—*
Os passos estalando no piso de pedra do corredor desaparecem.
Depois de um momento, alguém se movera atrás dele. Normalmente, ele teria reagido, mas seu corpo não o seguiu.
Uma mão estendeu-se por detrás de Sasuke e cobriu seu olho com o Sharingan ativado. O gesto era suave.
“…!”
Sasuke soltou um suave suspiro.
Os dedos que cobriam suas pálpebras… Ele conhecia aquele toque. Não, seu idiota. Ela não está aqui.
Ele se esforçou tanto para virar a cabeça, que seu corpo, que não estava forte o suficiente sequer para isso, então tombou para trás. Mas este mesmo corpo foi apanhado, apanhado por outro que ele conhecia e ao qual se tornou acostumado.
“Relaxe, Sasuke-kun”.
Era a voz de Sakura.
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Ele estava deitado sobre uma maca no consultório médico, com a respiração ainda superficial. O seu batimento cardíaco que pulsava por todo o seu corpo e estremecia seus tímpanos, o balançar desagradável de sua visão e o zumbido em seus ouvidos, tinham se acalmado consideravelmente. Se ele tivesse energia o suficiente, seus braços e pernas já teriam voltado a movimentar-se normalmente.
“Como você está?”
A cortina que rodeava cada lado da maca se abriu revelando-lhe um rosto. Minha esposa, olhando para mim.
Ela imediatamente começa a verificar e examinar os lados do rosto do seu paciente.
“Aah, isso parece estar bem melhor”.
Ele ergueu lentamente o corpo, levantando-se da cama o máximo que pôde. Eu ainda me sinto um pouco tonto, mas pelo menos já estou me recuperando. Mas mais importante: a razão de Sakura estar aqui ainda precisa ser perguntada.
“Pelos sintomas, provavelmente é um veneno do tipo que afeta suas ações em potencial. Da espécie que inibe todo o seu sistema e pontos de chakra, fazendo com que sua energia caia completamente por um minuto, e então seus nervos centrais fiquem descontrolados. Imagino que, se o seu corpo, Sasuke-kun, não é resistente, este deve ser verdadeiramente único deste lugar”.
Sakura enrolou a manga da camisa de Sasuke para cima. Limpou certa região do braço deste com um pouco de álcool, e, com a fala que se tornou seu hábito com todas as crianças que tratava – “Você sentirá uma picadinha” – , inseriu a agulha.
“Sakura…”. Ele observou seu sangue preencher a seringa que ela segurava. “Por que está aqui? Sarada está bem? Onde ela está?”
“Ela está bem, Iruka-sensei está cuidando dela. Vim te dizer, Sasuke-kun, que a missão mudou”.
“A missão mudou?”
Enquanto conversavam, Naruto ainda sofria da doença que ninguém sabia como tratar. De acordo com a Kyuubi (nota: a raposa-de-nove-caudas), aparentemente o Sábio dos Seis Caminhos já sofrera da mesma coisa. Ele havia se recuperado dessa doença enquanto viajava por Redaku.
Como o Sábio dos Seis Caminhos se curou, não há a menor ideia. Kakashi foi o primeiro a se infiltrar na capital de Redaku para procurar qualquer tipo de pista.
Leva-se muito tempo de Konoha a Redaku. Não foi recebido nenhum tipo de mensagem do Kakashi e Naruto está piorando a cada minuto. A maior parte da literatura pertinente encontrada está escrita na língua antiga de Redaku, e mesmo com as equipes acadêmicas profissionais que tinham em mãos, a decodificação levaria muito tempo. A única informação que fora repassada foi a que o Sábio dos Seis Caminhos havia ficado e se recuperado ali, no Instituto de Pesquisa Astronômica.
Se demorassem demais, com os sintomas que Naruto já estava mostrando, tudo isso poderia acabar sendo tarde demais. Sasuke, que estava desanimado com seu próprio trabalho, foi para o Instituto de Pesquisa Astronômica sem precisarem lhe pedir duas vezes a missão de procurar tais pistas.
Logo após Sasuke ter partido para este Instituto em missão, Sakura o havia seguido.
“Enquanto você vinha para cá, recebi um falcão de Shikamaru. Era sobre a descrição de um livro que Kakashi havia encontrado na capital. Conseguimos algumas informações sobre o Sábio dos Seis Caminhos”.
O papel dobrado que Sakura estendia estava repleto da caligrafia grande de Shikamaru. Em nota:
O Sábio dos Seis Caminhos, cujo corpo fora tomado pela tal doença sem nome, caminhou pela região de Redaku e acabou trombando com um astrônomo, Tataru.
Mesmo que tenhamos certeza de que Tataru não tinha nenhum treinamento médico prévio, ele curou o Sábio, que não sofreu mais da estranha doença.
Na noite em que Tataru curou o Sábio dos Seis Caminhos, havia uma estrela cadente nos céus, aproximando-se da Terra.
O próprio Sábio pegou tal meteoro com apenas uma mão e o dividiu em dois. A metade que ele segurava se desfez na palma da sua mão, transformando-se em poeira estelar, que cobriu o Sábio dos Seis Caminhos.
Temos quase certeza de que foi assim que o Sábio dos Seis Caminhos curou-se da sua doença de longa data.
Logo que o tal meteoro descer dos céus e você dividi-lo apenas com chakra, este lhe concederá grande poder. Tataru havia chamado este poder de ‘Yuuri Koshiri’, ou ‘partículas polares’.
Embora tenha havido conflitos entre as pessoas sobre este poder, a maioria dos meteoritos, partículas polares, que entram na atmosfera passam despercebidos, protegidos pelo brilho das estrelas, com a maioria das pessoas não prestando atenção ao que está acontecendo acima delas.
Se o Sábio dos Seis Caminhos sofreu dessa doença e procurou Redaku por este poder específico, a história desta cura celestial não deve ser ficção.
Ele tinha um mapa das estrelas que havia identificado, era como um mapa do tesouro para o meteoro específico necessário, mas este ficou em algum lugar trancado no interior do Instituto.
“Se há alguém sofrendo da mesma doença que o Sábio dos Seis Caminhos…” Sasuke relê a carta de Shikamaru mais três vezes enquanto a murmura para si mesmo.
A chave para a cura são ‘partículas polares’.
De acordo com as informações, o Sábio dos Seis Caminhos dividiu as ‘partículas polares’ em duas: uma delas havia ‘caído na terra e se escondido no céu’ e a outra ‘continuava a viajar em volta’.
“Isto é apenas uma suposição, uma hipótese minha e de Shikamaru: pensamos que essa doença é uma espécie de mau funcionamento no sistema de chakra, causado pelas bestas com cauda seladas no corpo, e que, se a substância contida nestes meteoros, as tais ‘partículas polares’ de Tataru, tiverem o poder de curar estes sintomas…”
“Temos que nos certificar em obtê-la”, Sasuke declarara sem usar palavras, mas Sakura assentiu com a cabeça e continuou: “Então, nova missão: procurar o tal mapa astronômico e obter as ‘partículas polares’. Primeiro, temos que descobrir o que esse mapa é – um livro, uma foto, algo… ”
“Eu entendo a mudança na missão, mas imagino que essa não é a razão de você estar aqui”.
Sakura quase se sentiu insultada por tal insinuação. Ela franziu o rosto para ele.
“Eu sou uma kunoichi. Saio da vila quando preciso”.
“Você não precisava… Se tivesse me enviado um falcão, poderia entregar quantas mensagens você quisesse”.
“Eu tentei, mas ele não entregou. O falcão trouxe minha mensagem de volta”.
“O quê?” Desta vez, era Sasuke quem franzia o rosto. Era raro que um falcão treinado na vila falhe em levar uma mensagem, especialmente nestes tempos de paz relativa.
“Eu não sabia o que estava causando isso, mas não tínhamos tempo. Era mais fácil entrar escondida como médica aqui para te dizer diretamente. E você estando aqui, eu poderia ajudar”.
“Não é necessário. Voltarei em breve. Aqui não é seguro”.
“Não é seguro?” O rosto de Sakura se tornou sério. “Você não confia em mim?”
“Sei da sua capacidade, mas tudo o que estou dizendo é que sou suficiente aqui, e que há algo neste Instituto… algo mais alarmante – nem o diretor nem Menou são pegos no meu jutsu visual”.
“Mais um indicador de que você precisa de um parceiro em missões especiais, como essa, que não podem ser resolvidas com sua força”
Ele tinha que admitir: Sakura tinha um ponto.
No campo de batalha, Sasuke ostenta uma força imbatível, exceto para o Nanadaime Hokage, mas esta missão de infiltração vai muito além de lutar. Quando se quer obter informações, fazer as coisas sem ser notado ou machucar alguém, ter um companheiro como Sakura é uma grande vantagem.
“Além disso, o ambiente aqui é terrível! As pessoas estão caindo mortas devido à desnutrição e ao esforço excessivo e ninguém vê isso como um problema. Eu já tenho um plano de melhoria para propor a Zansuru, mas não posso simplesmente sugerir a ele assim. Mesmo que algumas pessoas morram, elas serão substituídas imediatamente. Tanto o diretor quanto os guardas pensam na mão de obra como uma força descartável.”
“Devo te dizer para não fazer nada perigoso. O diretor é um cara mau. O que você faria se tivesse a oportunidade de sugerir a ele?”
“Eu sou médica. Tenho um dever para com a saúde de todas essas pessoas”.
Quando se tratava de trabalho duro, Sakura trabalhava arduamente.
Depois de um breve olhar para ela, Sasuke desistiu, suspirando.
“Eu sei, eu entendo. Só não se sobrecarregue”.
“É claro”, disse ela. Sakura sorriu e voltou a olhar para sua mesa.
“Agora, Sasuke-kun, vou enviar uma amostra do seu sangue para Konoha. E pedirei por mais testes no caso de Kakashi-sensei querer que eu comunique em um relatório de status”
“Mas a comunicação por falcão não estava impossibilitada?”
“Veja isto!” Sakura assobiou com os lábios, e em resposta, um pequeno falcão voou dos fundos. Ao redor do pescoço deste estava uma das faixas de tecido vermelho utilizadas pelos prisioneiros como passe quando estão fora de suas celas.
“Acho que Menou afugentou o falcão porque comunicação externa é proibida. Esta faixa pode ser a nossa brecha”.
Entendo, Sasuke assentiu com a cabeça.
Naquele momento, houve uma batida na porta da enfermaria.
O expediente do atendimento médico já tinha terminado há algum tempo. Os dois se entreolharam, procurando por uma resposta sobre o que fazer.
“Sensei, você ainda está acordada?”
Sasuke reconhece como a voz de Gigi. Esse tom é tão mais suave do que o que eu costumo ouvir.
Sakura pressionou o ombro de Sasuke, empurrando-o de volta para a maca e fechando rapidamente as cortinas à medida que o som da aproximação de Gigi ficava mais alto.
“Olá… Sensei? Você está aqui?”
Notando que seu pé nu estava aparente por debaixo cortina, Sasuke rapidamente levantou sua perna sobre a maca no momento em que a silhueta de Gigi pôde ser vista através do tecido a sua frente.
“Ah sim, você está aqui!”
“Gigi! O que aconteceu? Ainda mais a essa hora…” Sakura escuta calmamente.
“Aqui, olha isso. Eu esmaguei totalmente os meus dedos enquanto estava trabalhando ontem. Recebi permissão para vir aqui depois de dizer a um guarda que não conseguia dormir devido à dor”.
“Sente-se aqui. Qual o seu número?”.
“Prisioneiro 544”.
Era possível ouvir sua caneta rabiscando um papel. Provavelmente anotações na ficha médica de Gigi.
O tratamento não deve levar muito tempo, certo? Sasuke observa-o da maca, vendo sua sombra oscilar. Ele decide ficar escondido até Gigi ir embora.
“Sensei, você fuma? Esse é o meu pior hábito”.
“Não acho que eu tenha razão para isso”.
“Se você pudesse me comprar um cigarro, eu faria qualquer coisa, qualquer coisa. Mesmo que você não fume…”. Ele começou a implorar.
“Tenho que desinfetar sua mão”. Sakura pegou o braço de Gigi e enrolou a manga de sua blusa para cima para inspecionar sua mão e seu pulso.
Sasuke podia ver o movimento das sombras na cortina a sua frente. Ele estava atento ao comportamento de Gigi sobre estar tão dolorido que não conseguia dormir. Ele sabia que sua última declaração não era nada além de uma desculpa para ver Sakura. Em outras palavras, ele estava cada vez mais enraivecido por Gigi ter ido até ali por inadequadas segundas intenções.
Do outro lado da cortina, Gigi implora por quaisquer tipos de analgésicos, devido ao quão febril se sente apesar da ausência de dores, e Sakura segue sentada, calma e diligente, tratando-o com facilidade.
“Ei, Sensei, você não é daqui, é?”
“Por que diz isso?”
“Nunca vi alguém com seu tipo de nome, cor de cabelo, etc. e tal. É a primeira vez que vejo um cabelo cor de flor de cerejeira. É muito bonito”.
Vendo que a mão de Gigi se movia para acariciar uma mecha do cabelo de Sakura, Sasuke enfim deixou de se esconder e agarrou o pulso de Gigi por detrás deste.
Os olhos de Sakura se arregalaram.
“Hein?!” Com o aparecimento repentino do seu companheiro de cela, Gigi teve que esfregar seus olhos. “Sasuke, de onde você veio? O que você está fazendo aqui?”
“Bem, o que você está fazendo aqui?”
“Eu queria que ela tratasse do meu ferimento de ontem. O sangramento cessou, mas agora dói bastante”.
Mentiroso sujo.
“É difícil de se livrar de um inchaço ou de uma infecção, então, por favor, tome isto”. Sakura ofereceu um copinho cheio de um líquido verde a Gigi.
“O que é isto?”.
“Remédio de ervas. Tem propriedades antibacterianas”.
“Ecaaaa, que cheiro horrível! Vou tomá-lo de qualquer forma pelo efeito antibacteriano, mas me pergunto se isto daria um bom saquê…”
“Respondendo a sua pergunta, a médica é minha esposa”.
Gigi cuspiu o remédio que tinha em sua boca e seu queixo caiu; seus olhos agora arregalados alternavam entre os rostos de Sasuke e Sakura.
“Você está falando sério? Esposa? Esposa de Sasuke? Sasuke é casado com a Sensei? Sério??? Hein??? Você se casou???
“Eu nunca disse que era solteiro”.
“Sim, mas parecia impossível você não ser”.
Isso é preconceito.
“Bem, por que a esposa de Sasuke é médica neste lugar?”
“Vim para ver Sasuke-kun”. Sakura começou a mentir. “Não há sistema de visitas nesta prisão, mas eu verdadeiramente queria muito vê-lo, então decidi ser contratada como médica aqui”.
“Hum, entendo”.
Para Sakura, Gigi parecia claramente convencido do fato, mas para Sasuke, o rapaz parecia chocado.
“Não fique surpreso”.
“Por que eu deveria estar surpreso?” Gigi o olhou de forma estranha. “É apenas um comportamento normal de casal… Sempre querendo estar perto um do outro.”.
_______
“Gigi, o fato de Sakura ser minha esposa deve permanecer em segredo”.
Os companheiros de cela saíram da enfermaria e entraram no longo corredor. Sasuke coloca em seu pulso a tira de tecido vermelho que Sakura lhe deu.
Enquanto andava, Sasuke cutuca Gigi por uma resposta.
“Eu entendo. Se você estivesse em uma prisão normal, estaria tudo bem. Mas, neste lugar, se alguém descobrir… a Sensei não poderá ficar aqui. Não me lembro de você ter dito alguma vez que era casado, Sasuke”. O sorriso presunçoso de Gigi elevou suas bochechas.
“Você não teria dado ouvidos”.
“Mas nós conversamos tanto…”.
Por lidarem com os companheiros de cela todos os dias, temas corriqueiros eram abordados nas conversas. Então, é claro que questões como amores e casamentos passados foram levantadas várias vezes, mas Sasuke, que estava apenas infiltrado, evitou entrar nesses assuntos.
“Gigi, você não tem uma noiva?”.
Os ânimos de Gigi ficaram mais leves e ele sorria alegremente para Sasuke.
“Sim. Neste momento, ela está trabalhando na capital de Redaku”.
Sasuke baixou seu olhar para os pés. O chão, que normalmente era marrom, estava banhado de branco pela luz do luar, que entrava por uma grande janela.
“Mas ela se casou, ela me traiu com um cara”. As palavras de Gigi saíram como se rosnadas.
Para Sasuke, que frequentemente está fora da vila em missões de longo prazo, essa palavra o assustou.
“Gigi, você acha que os casais devem ficar juntos o tempo todo?”
“Sim, é o certo”. Direto. “A Sensei deve verdadeiramente amá-lo ou não se preocuparia em ser contratada para uma prisão como esta”.
“Não… não por isso. É que eu tenho a tendência de ficar muito tempo longe de casa”.
“Por quanto tempo você fica ausente?”
“Às vezes é por pouco tempo, outras por muito. Houve um período em que eu não voltei para casa por vários anos”.
“Você está falando sério?”. A constância da voz de Gigi mudou consideravelmente. “Alguns anos… Cara, eu acho que após tanto tempo assim, você nem pode ficar zangado de verdade se algum outro cara o substituir”.
“Mas por que isso?”
“Bem, apenas faz sentido”.
Sasuke virou sua cabeça para encarar Gigi, enquanto seu rosto e seu tom se tornaram repletos de seriedade.
“Não é como se eu a estivesse abandonando. Sakura é necessária localmente e eu sou necessário fora do país, são os nossos trabalhos. E nós trocamos cartas, de qualquer modo…”.
“Sim, mas… Você não acha que seria ruim se houvessem mais insetos como eu ao redor dela? Você não usam alianças em seu país?”
Gigi encarava Sasuke quando sua expressão séria se transformou em uma de preocupação.
“Se o casal ficar separado, eles perderão o laço”.
Sasuke não entendia o que Gigi estava tentando dizer. Sakura era sua família. Não importava onde ele estivesse, esse fato nunca mudaria
Ele nunca tinha ouvido falar sobre tal coisa, como ‘não ser mais uma família’. Até mesmo quando sentia emoções pesadas em relação à Itachi, ele sempre seria sua família. Não importa o que acontecesse no mundo shinobi, ele sempre estaria pronto para chamá-lo de irmão. Para Sasuke, Sakura era família, sua companheira, aquela para quem ele voltava para casa. Ele não precisava de uma conexão sanguínea; seus sentimentos não mudariam porque eles não podiam estar próximos um do outro com frequência.
Sasuke tenta pensar em uma maneira de verbalizar seu monólogo para contá-lo a Gigi, mas isso seria muito inoportuno no momento. Ele muda de assunto com um “Entendo”.
“Você já ouviu falar sobre um livro ou sobre um mapa astronômico?”
“Um mapa astronômico?”
Depois de repetir tais palavras, Gigi inclinou a cabeça como se para dizer ‘Não sei’.
“Pelo nome, soa como um documento de astronomia… Provavelmente deve estar nos arquivos. Eu perguntaria a Penjira”.
“Por que a Penjira?”
Quando Sasuke ouviu o que Gigi disse, seus olhos logo se arregalaram:
“Bem, porque Penjira está encarregado dos arquivos”.