Sasuke Retsuden: Os Descendentes Uchiha e a Poeira Estelar - Capítulo 7
“AH! Me solte! Pare com isso! AAAH!”
“O que são essas coisas?! De onde elas vieram?!”
“Pare! Para trás! Não… não se aproxime… Se afaste!” – Feras enormes que eles nunca tinham visto rastejavam de grandes fendas no pátio, atacando e matando aleatoriamente. No meio da chacina, alguns prisioneiros entraram nas celas, completamente em pânico.
“O que eles são?! Por que estão aqui?!” – As feras, ressuscitadas no porão logo abaixo do pátio, abriram caminho através do teto, arrastando os prisioneiros para as profundezas. Os detentos não tinham a menor ideia do que estava acontecendo. E mesmo sem entender, eles sabiam que precisavam escapar.
Seguindo a primeira onda das feras voadoras, um segundo tipo de animal surgiu. Uma fera que lembrava um espinossauro, mas não chegava a ser mais alta que um humano. Aproveitando-se de seu corpo menor e flexível, suas mandíbulas agarravam os prisioneiros com facilidade. Uma única mordida era o suficiente para satisfazer os animais. E, depois disso, os detentos atacados eram deixados para sangrar e morrer.
Quando as feras emergiram do solo, destruindo os pilares que sustentavam a fundação, o edifício do quartel desmoronou. Ainda havia muitas pessoas que não conseguiram escapar e acabaram esmagadas pela queda dos destroços. Parecia uma morte melhor se comparada com a morte agonizante e horrível causada pelos animais.
Outra fera emergiu. Um animal com um grosso crânio em forma de cúpula. Ele manteve a cabeça baixa e, em seguida, avançou sem rodeios em direção à presa. Um dos prisioneiros que estava fugindo caiu e foi pisoteado por pés apressados. Alguns que tropeçaram no corpo acabaram caindo também, criando uma reação em cadeia. Enquanto tornavam-se nada mais do que uma pilha de mais de uma dúzia de pessoas, a fera correu em direção a eles. Entre aqueles que foram pisoteados e os que foram lançados dezenas de metros no ar pela cabeça do animal, a morte era instantânea de qualquer forma.
Aqueles que tiveram a sorte de sobreviver durante a fuga foram perseguidos até a morte. A fera logo os encurralou contra a cerca.
“Merda…”
O lado sul da cerca havia sido completamente destruído por causa do surgimento dos animais. No entanto, boa parte do lado norte ainda estava intacto. As feras de crânio grosso batiam uma das patas dianteiras para intimidar as presas e depois usavam a cabeça para atacar com toda força.
“Aaah… aaah… Por favor, chega…”
“Por favor… Me ajude…” – Um dos homens caiu completamente desesperado. Outro chorou e agarrou-se à cerca. A fera, com seu crânio mais forte que ferro, avançou sobre eles. Todos estavam preparados para morrer.
“Shanaroooo!” – Um grito cheio de espírito de luta veio da parte de trás da cerca, sacudindo tudo e depois caindo no chão. A doutora do consultório médico veio correndo do outro lado da nuvem de fumaça que se erguera da terra logo abaixo.
Os prisioneiros correram para o local onde a cerca havia desabado. Muitos gritos saíam da multidão, que lutava para escapar. A fera, que não a tinha visto chegando, levou um forte golpe na mandíbula e sucumbiu com a pancada.
Sakura ajudou a guiar aqueles prisioneiros para fora e, então, se dirigiu ao prédio principal. As feras os perseguiriam de qualquer forma, mas eles tinham mais chances de sobreviver se não estivessem presos.
Havia corpos espalhados por toda parte, gemendo, sofrendo e esperando pela morte. Para uma ninja médica, passar na frente deles era incrivelmente difícil, mas tinha uma coisa que ela poderia fazer para ajudar o máximo de pessoas possível. Se ela encontrasse Zansuru o quanto antes e acabasse com o jutsu, o dano não seria tão terrível.
Não havia tempo para correr para dentro do prédio e usar as escadas, então Sakura canalizou o chakra na sola dos pés e subiu correndo pela parede da construção, em direção ao escritório do diretor. Ela quebrou a janela de vidro com um chute para conseguir entrar. Não havia sinal de ninguém na parte de dentro. Sakura verificou a mesa e as estantes, mas percebeu que não havia nenhum material sobre o jutsu de reencarnação.
“Onde… onde poderia…” – Ela procuraria por toda parte, do quarto andar até o porão.
Descendo as longas escadas, a caminho do terceiro andar, ela se deparou com um grupo de prisioneiros encolhendo-se no intervalo entre as escadarias. Sakura presumiu que eles acabaram por lá enquanto tentavam fugir do massacre do lado de fora.
“É perigoso ficar no prédio. Tem um jeito de escapar através da cerca lá fora. Corram para o mais longe possível.” – Ela guiou os detentos assustados para o exterior e, em seguida, foi verificar os cômodos no final do corredor do terceiro andar.
A sala de observação, uma sala de dados e também um aposento privado para a patrulha e outras coisas, só que, ainda assim, não havia sinal de Zansuru. Se ela não o encontrasse rapidamente, haveria mais baixas. Sakura virou em um corredor e bateu em alguém na mesma hora.
“Jiji!”
“Sensei! Você está bem! Que bom!” – Jiji suspirou de alívio. – “Qual é a situação? O que realmente está acontecendo… o que são aquelas coisas do lado de fora?”
“O trabalho do diretor.” – Sakura explicou rapidamente. – “Ele usou fósseis para reanimar os mortos. Preciso encontrar o diretor para acabar com o jutsu.”
“Zansuru estava no pátio agora há pouco.”
“Sério? Do lado de fora?” – Para usar um jutsu avançado como o Edo Tensei, era necessário um ambiente estável. Ela pensou que o responsável pelo jutsu com certeza estaria escondido em um quarto secreto dentro do Instituto… Mas, aparentemente, ele tinha feito isso na parte externa. – “Jiji, obrigada. Você precisa sair daqui o mais rápido que puder.”
“Ah, eu farei isso.” – Jiji assentiu, e então, de repente, agarrou o braço de Sakura.
Tropeçando pelo forte puxão, ela caiu no peito de Jiji. Instantaneamente, uma dor aguda surgiu em suas costas.
“Hãn?” – Sakura caiu de joelhos. A kunai usada para apunhalar suas costas fez barulho ao cair no chão.
“Sensei… Me desculpe.”
BA-DUM… BA-DUM…
O coração dela batia de forma audível, balançando todo o corpo. O batimento cardíaco parecia um tambor, as pontas das mãos e pés de Sakura estavam ficando frios. Ao mesmo tempo, a parte interna de seu corpo estava quente e apertada. Parecia que as células dela estavam fervendo.
Esses sintomas… Este era o mesmo veneno que Sasuke recebeu de Menou.
“Foi… Zansuru… e… Ji…” – Sakura virou o olhar para Jiji.
“Sim, é isso mesmo. Mesmo depois de descobrir que a Sensei estava aqui com Sasuke, eu não estava disposto a deixar você ir embora. Nem mesmo eu conseguiria resolver aquele enigma do mapa astrológico.” – Jiji se agachou e pegou o recipiente com partículas polares do bolso do jaleco branco de Sakura. – “Isso… Me devolva…”
Sakura tentou desesperadamente agarrar o tornozelo de Jiji, mas sua mão tremia e estava cada vez mais dormente. Ela não podia deixá-lo levar as partículas. Ela tinha prometido ao Naruto que as levaria de volta. Ela e Sasuke, juntos, iriam levá-las para ele.
Jiji fez um pequeno “tsc” e chutou o rosto de Sakura em seguida. Seu corpo foi jogado para trás, contra as paredes do corredor, fazendo uma rachadura gigante. A dor penetrante do impacto correu da cabeça dela até a espinha. Ela não conseguia mais se mover, muito menos se levantar. Naquele momento, Sakura se concentrou apenas em sua respiração.
“Haa… Haa…” – Jiji olhou em direção a Sakura com seus olhos escuros. – “Sabe, Sensei, em toda sua seriedade, achei que você fosse muito doce. Sua voz e suas particularidades me fazem lembrar da minha amada. É por isso que é uma pena que você tenha que morrer em um lugar como este…”
Enquanto ele se desculpava, Sakura tentou levar suas mãos para frente do corpo para formar um selo. Ao mesmo tempo, do lado de fora, a parte debaixo da terra começou a tremer e as rachaduras do pátio começaram a aumentar. A amendoeira, cujas flores estavam começando a desabrochar, se retorceu nas raízes e caiu. Do buraco, surgiu uma fera, como uma cobra gigante coberta por escamas.
“O que… Esse cara…”
Os prisioneiros em fuga olharam para aquele corpo gigante, que bloqueou a Lua de repente. Eles viram o pescoço de uma cobra estendendo-se por dezenas de metros até o céu, e bem nas pernas mais curtas se prolongava uma cauda do mesmo comprimento. Uma das maiores feras da história, a fera gigante: Titã, negligenciada pelo Instituto de quatro andares.
O animal imenso acordara de um sono de dezenas de milhões de anos. Enquanto ele erguia a cabeça em direção ao céu, a longa cauda balançava para frente e para trás contra o que havia sobrado do edifício destruído. Telhas pesadas eram jogadas para o céu como cascalho, e logo caíam de volta no chão.
“Esse cara é imenso! Apenas um pequeno movimento consegue quebrar tudo!”
A fera gigante levantou a pata dianteira e caminhou adiante. Quando seu pé tocou o chão, houve um barulho impressionante, que sacudiu todo o Instituto até ele tombar. A fundação do prédio desmoronou por causa do peso de Titã.
Todo o corredor cedeu significativamente, com o teto rachando logo acima. Enquanto Sakura olhava ao redor, ela conseguia ver as rachaduras destruindo a parte de trás do corredor. Por não aguentar mais o peso, as paredes de gesso se esfarelaram como uma bolacha.
Jiji pisou na borda da janela e a fera gigante estendeu a cabeça para cumprimentar seu criador. Pulando até a cabeça do monstro, ele olhou de volta para Sakura.
“Até mais, Sensei.”
Enquanto o teto desmoronava, alguns pedaços caíram em Sakura, que estava logo abaixo. Ela ofegou. Seu corpo ainda não era capaz de se mover. Ela foi engolida pelas tábuas despedaçadas do piso, que a jogou pelos andares abaixo. Os destroços e escombros caíram em cima dela enquanto a ninja médica permanecia abaixo das paredes caídas. À medida que começaram a cobrir seu rosto, tudo ficava escuro. Enquanto as estruturas desabavam ao redor de Sakura, o Instituto foi ao chão com um estrondo.
–
Jiji era cúmplice.
Sasuke e Menou corriam em direção ao Instituto, passando através do fluxo de prisioneiros que escapava e eliminando qualquer animal que encontrassem.
Zansuru chamou Kakashi de “um de seus camaradas da Vila de Nagare”. Somente Jiji sabia que Sasuke tinha amigos. Zansuru não era um shinobi. Jiji era quem estava usando o jutsu de ressuscitação. Ele estava escondido entre eles, sem deixar que Sasuke soubesse que ele era um shinobi, dominando um jutsu proibido a ponto de ser capaz de controlar vários animais reanimados de uma única vez. Não havia dúvidas de que ele era um ninja consideravelmente talentoso.
O lugar onde o Instituto certa vez ficou estava horrível. A cerca e o prédio dos prisioneiros estavam completamente destruídos. Apenas o prédio principal havia sobrado, só que ele mal se aguentava em pé. Havia pilhas de corpos aqui e ali, com as feras roendo-os até que sobrassem apenas pedaços irreconhecíveis. Houve uma bagunça de pessoas fugindo e correndo.
Sakura veio ao prédio principal procurar por Zansuru, mas em meio à escuridão dos escombros… não havia nenhum sinal dela.
“Menou, tenho uma coisa para fazer aqui. Vá ajudar os prisioneiros a escapar. Salve o máximo de pessoas possível.” – Ele instruiu Menou e olhou para trás, em direção ao prédio principal.
Na mesma hora, houve um grande tremor. O pátio, que já havia sido destroçado, finalmente desabou. E a 30 metros de profundidade, um gigantesco dinossauro apareceu. Com as fundações do solo destruídas e as rachaduras nas paredes do prédio principal, o que restou da construção acabou desabando de uma vez. O rosto de Sasuke ficou pálido.
Minha esposa ainda deve estar no prédio.
“Sakura!” – Ele pulou pela nuvem de terra e tirou as pedras e escombros que estavam em sua frente. – “Sakura! Onde você está?” – Por mais que ele a chamasse, não havia nenhuma resposta.
Não importava quantas vezes Sasuke procurasse com o sharingan, ele não conseguia sentir o chakra de Sakura. Não ser capaz de encontrá-la o deixou louco, o fez perder sua sanidade mental. Ele queria explodir os destroços para encontrá-la.
Sakura não era apenas uma shinobi comum. Estar debaixo dessa quantidade de escombros não era um problema, mas estar em uma condição em que ela não era capaz de usar seu chakra era outra história.
Ele se lembrou do veneno das garras de Menou, o veneno que Sasuke conhecia melhor do que qualquer um. Se ela tivesse sido exposta ao mesmo tipo de substância, então não havia como ela escapar sozinha.
“Merda!” – Enquanto se irritava, Sasuke começou a morder o lábio inferior pela frustração.
Havia alguma coisa? Qualquer coisa para encontrar Sakura? Ele tentou pensar, mas as únicas emoções em sua mente eram de desespero e impaciência. O que mais ele poderia fazer, além de continuar retirando os escombros que estavam diante dele?
“Me responda! Sakura!”
–
Sakura abriu os olhos e viu uma parede de gesso em cima dela. A ponta de um prego se sobressaía a dois centímetros de seu olho direito.
Eu… O que aconteceu? – Confusa e fraca, ela tentou se lembrar do que aconteceu antes de ser pega pela destruição do Instituto.
Ela baixou o olhar, seu tórax estava preso abaixo de um grande pilar. Na parte de trás da coxa, ela podia sentir como se água estivesse escorrendo, embora não conseguisse determinar onde exatamente estava sangrando. Ela respirou fundo, sentindo o desconforto imediato de seus órgãos inchados e retorcidos dentro do peito.
Sakura tentou mover seu corpo lentamente. Por mais que a mão esquerda estivesse presa em alguma coisa, sua mão direita conseguia se mover. Ela empurrou os escombros que conseguia enxergar e, lentamente, uma pequena abertura foi criada no entulho. Ela podia ver um céu estrelado cercado pela poeira entre os destroços. Seu corpo não reagiu quando ela tentou usar chakra, o sistema nem mesmo se contraiu.
Isso era ruim. Seu corpo estava completamente dormente e incapaz de fazer movimentos. Mesmo que ela tentasse usar a voz, o fundo de sua garganta conseguia gerar apenas um chiado silencioso. Se Sakura não conseguisse usar chakra, então o sharingan de Sasuke não seria capaz de encontrá-la. Ela não tinha escolha, ela precisava escapar por conta própria.
“Hgnn…” – Sakura avançou desesperadamente com seu braço dolorido, movendo os escombros que estavam em seu corpo.
No momento em que ela levantava levemente os destroços, partes do telhado de tijolos deslizaram para baixo e se acumularam em algum lugar. Se ela continuasse empurrando os escombros, outra pilha poderia desabar. Ela não podia mover mais nada, pois estava em uma situação em que não sabia se era a única soterrada. Sakura estava presa por todos os lados.
“Ah… Aaah…” – A visão dela ficou branca e confusa, a respiração mais difícil.
Mesmo moribunda, ela se arrependeu de não ser capaz de salvar os prisioneiros das feras que os atacaram. O pulso de Sakura era quase inexistente, tornando-se terrivelmente calmo. As mãos e os pés dela frios como o gelo, como se ela estivesse se aproximando da morte. Cada célula de seu corpo estava exausta, querendo parar de funcionar.
Não… não agora. Se você desmaiar… você vai morrer… – Sakura tentou morder o lábio, procurando desesperadamente uma forma de se manter consciente. Ela não podia deixar seu corpo perder forças. Sakura, como uma ninja médica, sabia que a melhor forma de manter um corpo envenenado vivo era gerenciar sua energia de alguma forma.
Seus cílios cor de rosa lentamente começaram a cobrir seu olhar. A consciência dela afundou para a parte inferior do cérebro.
“Sakura!” – Aquela voz familiar que alcançava seus ouvidos a trouxe de volta à consciência. Suas pálpebras caídas se abriram o mais devagar possível. Os olhos dela se ergueram para se encontrar com o rosto da pessoa que queria desesperadamente encontrá-la. Ela não percebeu quando o peso que esmagava seu corpo sumiu.
Com todos os destroços fora do caminho, Sasuke levantou Sakura, dando apoio aos ombros dela. Ao tentar formar as palavras “Sasuke-kun”, ela não conseguiu falar porque o peito ainda estava fervendo. Ela tentava fazer com que um som saísse de sua garganta para transmitir as informações.
“… Ji… Ji… Urgen…”
“Não fale.” – Sasuke tocou a ferida nas costas de Sakura em seguida.
O chakra enviado de sua palma fluía para Sakura com um brilho quente. À medida que os sintomas do veneno desapareciam, o calor retornava aos membros frios. Ao mesmo tempo, enquanto a temperatura se estabilizava, uma forte dor percorreu o corpo dela de cima a baixo.
“Você consegue se mover?”
“Uhn…” – A garganta ainda não se mexia da forma com que ela queria. Apesar disso, Sakura fez um pequeno aceno com a cabeça. A expressão de Sasuke se aliviou um pouco.
“Sasuke-kun… Obrigada por ter vindo…” – A paz de espírito de Sasuke havia retornado. Lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Sakura. – Desculpe… Eu não consegui parar Jiji… ou fazer qualquer coisa útil…”
“Não se desculpe por uma coisa dessas, especialmente nesse estado.”
Sakura se sentiu frustrada ao pensar em como ele devia estar preocupado, para estar com aquela expressão no rosto. Mais do que isso, ela estava aliviada por Sasuke estar ali. O medo dela não era o da morte, mas sim o de nunca mais ver Sasuke ou Sarada de novo.
Enquanto a ferida nas costas de Sakura se fechava lentamente, ela sentiu o toque familiar de Sasuke enxugando suas lágrimas nas bochechas.
–
“É espetacular!” – De pé nas costas da enorme fera, Zansuru olhou para os prisioneiros, rindo com indiferença. Ao lado dele estava Jiji. – “Aquilo era insuportável. O plano que tanto demorou está finalmente consolidado.”
“Acho que sim.” – Jiji assentiu friamente enquanto olhava para o sofrimento logo abaixo. Uma fera, que ostentava uma força bruta e esmagadora de suas longas patas traseiras, com o dobro da altura de um ser humano normal, perseguia prisioneiros em meio à uma nuvem de poeira e fumaça.
O andar da fera atropelava as pessoas, limpando o caminho à sua frente. Depois de ser atingido diretamente pelo animal, o corpo de um prisioneiro se rompeu por completo, como um balão de água cheio de sangue. E em um piscar de olhos, foi reduzido a nada mais do que um pedaço de carne. Zansuru franziu a testa enquanto olhava para baixo, observando um homem com garras presas em suas costas, contorcendo-se em uma poça do próprio sangue.
“É uma visão feia, Jiji… Ande logo e acabe com ele.”
Jiji moveu silenciosamente seu olhar contemplativo para baixo, justamente para o animal em que ele estava. A Fera Titã levantou as patas dianteiras como velhos troncos de árvore e caminhou para frente, esmagando o homem e dando um fim ao sofrimento dele.
Pedaços do corpo do prisioneiro voaram dezenas de metros por todas as direções, acertando todo o pátio. Alguns prisioneiros morreram ao serem atingidos por partes voadoras do corpo. Zansuru observou o sangue fresco cobrindo o solo seco.
“Que guerreiro maravilhoso. Tenho certeza que o primeiro-ministro ficará satisfeito.” – Ele olhou para a cabeça da fera gigante que se erguia no alto e, então, falou com Jiji. – “Depois de matar todos os prisioneiros, vá para a capital. Encontre-se com o primeiro-ministro.”
“Parece bom, mas não se esqueça do nosso acordo que você me prometeu.”
“Claro. Assim que você exterminar todos eles, nós vamos para a Vila de Nagare para procurar o corpo da sua namorada. Eu nunca esquecerei esse favor que você fez por mim. Só foi possível usar essas forças por causa do seu chakra, usado no jutsu de reanimação.”
As feras parecidas com pássaros rastejavam pelo chão, esticando os pescoços para sentirem o odor. O nariz de cada uma se contraía enquanto acompanhavam o cheiro até alcançarem a massa de entulho e as paredes desmoronadas. Com a pata da frente dobrada, o animal usou as garras para remover os destroços com muita habilidade. Escondido na pilha estava Ganno, tremendo e estremecendo onde estava sentado.
“Ah, veja! Aquele cara estava na sua cela.” – Zansuru olhou para baixo, preparando-se para a diversão prestes a começar. Jiji permaneceu em silêncio, olhando para Ganno com os braços cruzados à frente do peito.
“… Fique… fique longe de mim!” – O corpo de Ganno saiu do chão em que ele estava sentado, recuando para trás. Seu pé direito ficou descalço depois que ele perdeu o sapato no meio da fuga. No meio dos pigmentos vermelhos e marrons do desastre sangrento, seu cabelo carmesim brilhante se projetava, assim como as unhas pintadas.
A fera parecida com um pássaro se balançou de um lado para o outro enquanto corria, e logo em seguida levantou sua perna esquerda e pisou no corpo de Ganno.
“UWAAAAAAAAAA…!” – O grito dele sumiu lentamente enquanto o sangue fresco escorria. Passado um momento de silêncio e paz, a fera caiu no chão com o tornozelo quebrado.
“… Hã?” – Zansuru aproximou as sobrancelhas.
Menou tinha pulado na frente de Ganno, atacando o torso da fera caída primeiro.
“GYAA!” – A fera gritou enquanto tentava, com todas as forças, se livrar de Menou, que apertava suas presas com violência no pescoço do animal imobilizado.
Ao ouvir os gritos de seu companheiro de espécie, mais pássaros avançaram na direção de Menou e pularam nele por trás.
“Jiji, qual é o significado disso? Por que Menou se aliou aos prisioneiros?” – Zansuru culpou Jiji ao mesmo tempo em que checava o status do próprio jutsu de reanimação, notando o incidente logo na frente dele. – “Meu controle sobre Menou foi… dissolvido…”
“Foi o Sasuke?”
“Talvez.”
Enquanto as feras permaneceram distraídas com Menou, Ganno não perdeu tempo para fugir. Zansuru começou a ficar sem paciência à medida que mordia a língua.
“Ah, bom”, disse o diretor do instituto enquanto ficava mais calmo. Ele começou a abafar o sorriso que estava crescendo. – “Ao menos Menou vai levar alguns golpes sérios.”
“Tomara que sim!”
Menou lutou contra as feras muito maiores do que ele. E enquanto isso, os prisioneiros passaram pelos animais que pulavam em cima do pequeno corpo de Menou. Isso deu tempo para eles escaparem.
A luta rapidamente se intensificou. No começo, era um contra um, e conforme mais feras apareciam, a luta passou para dois contra um, três contra um e, finalmente, cinco contra um. Menou foi cercado até que não houvesse mais nenhum meio de fuga. Um dos inimigos foi se aproximando dele com garras poderosas.
SLASH!
A espada de Sasuke acertou a pata do animal que atingiria Menou. Ele empurrou o calcanhar da fera, forçando-a cair no chão.
“Você me deu muito tempo.” – Menou agitou a garganta produzindo um ruído como “guru guru” de felicidade por causa do elogio de Sasuke. O Uchiha ficou de costas para ele enquanto as feras os observavam em silêncio. – “Então, o que você quer fazer, Menou? Tem muitos desses caras. Acha que conseguimos pegá-los?”
Menou deu um chute no chão como se quisesse dizer “não seja estúpido”.
Sasuke deu uma risadinha e então disse: “vou logo atrás de você”. Instantaneamente, o Uchiha e Menou saltaram do chão, deixando as garras das feras arranhando um espaço vazio.
“Mesmo se os atingirmos diretamente, não será o bastante. Mantenha distância, mas se mantenha na ofensiva, espere até ver a oportunidade de atacar.”
Uma das feras fez a tolice de avançar em direção a Menou. Uma vez afastados, seus movimentos eram mais fáceis de perceber.
Menou se preparou para lutar conforme Sasuke tinha instruído. Os animais voaram para o céu e foram em direção a ele. Por conta do impulso, as feras ficaram sem equilíbrio no ar.
“Agora!”
Menou disparou para cima do oponente, entrando em seu território e atacando o pescoço do animal, rasgando e arrancando a garganta dele. Com a cabeça completamente decepada, a fera caiu no chão em dois pedaços. O corpo dela tentou se recuperar, as feridas cobertas de poeira. Assim que Sasuke viu o que estava acontecendo, ele enfiou sua longa lâmina na cabeça e no peito da fera, fixando-os no chão.
Após tomar um fôlego, uma figura vermelha e marrom pulou ao lado de Menou. Um animal carnívoro, chamado Tairano, uma das espécies mais fortes e ferozes dos fósseis encontrados.
Preso por conta da tremenda força da fera, Menou torceu desesperadamente seu corpo, mas não havia uma grande chance de escapar com todo o peso sobre ele. Zansuru cerrou os olhos de alegria enquanto observava o animal carnívoro em cima de Menou.
“Um confronto muito esperado entre as espécies. Ainda nem chegamos ao clímax.”
“Espécies?” – Jiji perguntou subitamente. – “Menou e carnívoros?”
“Sim. Menou é uma fera carnívora. Só que é apenas uma criança.”
Olhando mais de perto, tornava-se óbvio que seus esqueletos eram parecidos. A pele da fera também parecia ser do mesmo tom de cinza que a de Menou, dando a impressão de ser vermelha e marrom apenas quando estava coberta de sangue. Jiji não tinha conhecimento de paleontologia, sua cumplicidade com Zansuru tinha a ver apenas com suas habilidades como shinobi. E o mesmo acontecia do outro lado, já que Zansuru não estava familiarizado com nada do mundo ninja.
“Fazer Menou lutar contra um animal adulto parece cruel. Mesmo ao lado de Sasuke, uma grande espada não vai ajudar.”
“Nah… É bem provável que a fera carnívora esteja em desvantagem.”
Zansuru franziu as sobrancelhas quando Jiji perguntou: “o que você quer dizer?”. Para ele, Menou parecia bem pequeno contra a fera carnívora cheia de músculos. Aparentava que o vencedor e o perdedor estavam decididos antes mesmo do início da luta. Eles eram da mesma espécie, mas seus físicos tinham bastante diferenças. Só que havia um porém.
Menou avançou na direção da fera carnívora.
“O… o quê?”
O animal foi derrubado pela força de Menou, que naquele momento tornou-se irresistível. Zansuru ficou surpreso com o que estava acontecendo à sua frente. Menou afundou suas presas no torso do carnívoro, que rolou para longe tentando livrar-se dele. Mas de nada adiantou. As presas continuaram profundamente cravadas.
“Que tolo… Menou está contra-atacando.”
“O jutsu que está ativo é capaz de fornecer chakra ao animal invocado sempre que ele quiser.” – Jiji continuou explicando calmamente. – “Menou está sendo controlado pelo chakra de Sasuke. Com certeza, é natural que agora ele seja mais forte do que as outras feras.”
Enquanto o jutsu do Uchiha era unilateral, apenas com a intenção de ajudar um dos animais, a invocação tinha o objetivo de construir uma relação de coexistência e coprosperidade entre o responsável pelo jutsu e o animal invocado. O lançador do jutsu, por sua vez, é capaz de pegar emprestado o poder do animal, que pode ganhar chakra do lançador para ficar em um estado mais forte.
“O poder de combate do Sasuke é desconhecido. Se ele tentar pegar todos os animais, eu não acho que ele ganhe.”
“Você não está falando muito cedo?” – Zansuru disse para Jiji, olhando para ele fixamente. No mesmo momento, eles ouviram um grito do Instituto logo atrás deles.
“SHANNAAAAROOO!”
BOOM!
A atmosfera foi preenchida com o som de tijolos desmoronando. O lado oeste da floresta, que mal se mantinha de pé, entrou em colapso com o estrondo, derrubando qualquer outra coisa junto. Todas as paredes que algum dia existiram no lugar se foram.
“Parece que tem outro rato. Você me confiou essa responsabilidade, então deixe comigo. Você fica bem aí.”
“Ah, é verdade! Sim! Agora é hora de limpar essa bagunça.”
Uma fera voadora desceu quando Jiji olhou para cima. Ele pegou carona quando ela passou voando e foi em direção à Sakura, que corria de volta, do lado de fora da cerca.
“Sinto que fui mordido pelo meu próprio cachorro…” – Zansuru murmurou amargamente enquanto encarava Menou. O pequeno dinossauro olhou para o seu antigo mestre com olhos frios e amarelos, suas presas com sangue escorrendo. Atrás dele estava Sasuke, o prisioneiro de número 487.
“Você vai se arrepender por essa mudança de lealdade…” – Zansuru ergueu a mão direita, formando um sinal. Com aquele selo, os olhos de todas as feras mudaram de uma vez.
Enquanto rugia, a Fera Titã deu um passo na direção deles. As feras que rodopiavam no céu fecharam as asas e avançaram para baixo. Até mesmo os animais ocupados com os cadáveres dos prisioneiros avançaram. Cada um dos dinossauros tinha um alvo: Menou e Sasuke.